O Melhor de São Miguel do Gostoso por Larissa Colombo

Por Mara09 12, segunda-feira

Entre os destinos mais procurados do verão, São Miguel do Gostoso é daquelas praias paradisíacas que não dá vontade de ir embora. Apesar de ter ficado famoso pelas festas de final de ano badaladas, Gostoso vai muito além do agito e promete ser também um destino para quem quer relaxar e se conectar com a natureza. Foi exatamente para mostrar esse outro lado que desembarcamos na praia do Rio Grande do Norte com a Larissa Colombo. Para anotar as dicas e incluir na lista de lugares para conhecer. Confira:

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São Miguel do Gostoso já havia sido mencionado por amigos por dois motivos: festas de final de ano e kitesurf, e claro que como uma boa curiosa eu fui atrás de conhecer além. Antes de te dar dicas sobre o lugar, quero deixar um pensamento registrado: viajar pra mim é uma ótima forma de avaliar se meus pensamentos, sentimentos, palavras, escolhas e ações cotidianas realmente são sustentadas fora do conforto e praticidade da minha casa. É o tal "walk the talk", onde quer que esteja.

Se jogar no desconhecido é algo desafiador, mas mais desafiador ainda é considerar cada novo ambiente pra onde se vai como uma oportunidade de praticar seus valores, sua responsabilidade social e ambiental, sem deixar de lado a curtição é claro! Com isso em mente, partiu conferir o que São Miguel do Gostoso nos reserva?

hospedagem

O lugar escolhido pra ficar foi essa casa minimalista pé na areia que alugamos pelo Airbnb. Toda branca, feita de madeira e cimento, cheia de vidros e linhas geométricas - estávamos literalmente em um lugar particular. Nosso vizinho mais próximo, há uns 500m de distância, era o Kite Center Kauli Seadi.

esporte

Falando em kite, a temporada de vento é de setembro a março e sim, o velejo em São Miguel é muito especial - principalmente pra uma aprendiz fissurada como eu! Velejei saindo da praia de Perobas até Parrachos - uma piscina natural de água cristalina cheia de corais, um absurdo de lindo! Pra quem não veleja, dá para fazer passeio de barco saindo de Perobas ou Rio do Fogo e curtir a vida marinha de snorkel. Outro lugar irado para velejar é a barra do rio Punaú, bem flat, bom pra quem, assim como eu, está arriscando uns saltinhos.

Todo o percurso de kite foi guiado pelo Kauli Seadi, tricampeão mundial de windsurf na categoria wave. Se for á Gostoso e quiser testar kitesurf ou windsurf já sabe quem procurar! Os endereços são: Kite Center Kauli Seadi para aprender kite, e Clube Kauli Seadi para testar o wind. Aliás, uma ótima dica de hospedagem e restaurante é a Pousada Bangâlo Kauli Seadi Eco-Resort, que fica de frente pra praia e pra lagoa do Carneiro

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boa prosa

Além do esporte, conhecer a história do lugar através do bate-papo com moradores é algo que eu amo fazer onde quer que esteja! Não deixe de passar pela praia de Tourinhos e conversar com o sorridente Seu Zé - ele fica ali no canto esquerdo da praia próximo as falésias, é só chegar e praticar a escuta ativa.Com pouco tempo do relógio ao lado dele, seu olhar sobre as sutilezas da vida poderá mudar!

Tourinhos é uma praia surreal de linda, as dunas petrificadas são um convite pra viajar nas formações geográficas da natureza. Como aquilo foi formado? Há quanto tempo? Tirei o zoom da minha visão e fiquei imaginando a vista lá de cima, 8 metros de falésias imponentes, em tons de marrom, diferentes formas e texturas… Eu sempre fico curiosa pra entender sobre o lugar através da ótica histórica da natureza de onde estou. Você tem ideia o quanto nosso lar planeta terra já se transformou? Acho esse assunto fascinante, e o carrego na mala por onde vou.

rango de RAIZ

Outro programa que amo fazer quando viajo é ir pra feira de rua - pluralidade ao ar livre, gosto de assim dizer. Na minha opinião, é uma maneira de conhecer a cultura local, ouvir sobre aspectos ambientais, sociais e políticos.Eu adoro ouvir histórias dos feirantes, o orgulho que eles têm de contar de onde veio tal alimento, de compartilhar os saberes ancestrais, receitas de raiz.Comprei alguns alimentos regionais e fiz uma moqueca vegetariana. Segue receita:

moqueca vegetariana da lari

Para a moqueca

8 cajus (corte no sentido vertical, como se fossem "bifes")

3 cebolas roxas bem picadas

6 dentes de alho picados

200g de tomate italiano em cubos

2 pimentões amarelos (tire as sementes, e pique em tiras)

100g de maxixe (corte em 4)

200ml de azeite de dendê

Leite de coco (extrai de 2 cocos secos, bata no liquidificador cada um com 400ml de água quente)

Curry a gosto

Açafrão em pó a gosto

Pimenta do reino a gosto

Sal a gosto

½ maço de coentro bem picado

Modo de preparo

Doure bem a cebola e alho no dendê. Adicione o caju, o pimentão e o maxixe. Deixe cozinhar por uns 8 minutos. Adicione o tomate e o leite de coco. Tempere e abafe a panela em fogo baixo por 20 minutos. Adicione o coentro e sirva em seguida.

Para acompanhar

Farofa de queijo coalho, banana da terra e castanha de caju:

1kg de farinha de mandioca

150g de queijo coalho em cubinhos

4 bananas da terra semi maduras em rodelas

100g de castanha de caju torrada

Modo de preparo:

Doure os cubos de queijo coalho na manteiga de garrafa, reserve. Doure bem as bananas na manteiga de garrafa, reserve. Doure bem a farinha de mandioca na manteiga de garrafa e adicione açafrão em pó. Misture a farinha com o queijo, a banana e por fim salpique a castanha de caju. Decore com um pouco de cebolinha.

Se cozinhar não é sua pegada, eu indico muito o restaurante Gênesis - um ambiente extremamente aconchegante, todo colorido, cheio de vida. Uma união da culinária regional com uma pitada de diversidade cultural. Drink, entrada, prato e sobremesa. Todos foram uma surpresa, da decoração ao sabor. Outro rango ótimo, principalmente durante um dia de praia é no Kite Center Kauli Seadi.

sustentabilidade

Só um recado: São Miguel do Gostoso não tem coleta seletiva.Desde junho de 2018 as atividades da Gostoso Recicla foram encerradas por falta de apoio dos governos. A questão aqui é a seguinte, você turista assim como eu, pode sim ir pra São Miguel, curtir muito, relaxar, se energizar, postar sobre, mas tem que cuidar! Para tornar isso mais simples, divido dicas que já viraram costume na minha vida de viajante:

Tente consumir o mínimo de embalagens plásticas possível, seja no mercado, em um barzinho de praia, lojas, onde quer que esteja.
Lanche na praia: se planeje. Carregar nuts em marmitas/potes de vidro é uma ótima opção de lanche durante os dias de praia, e depois é só ir em uma lojinha que vende produtos a granel no centrinho e repor.
Drinks: se for beber aquela caipirinha maravilhosa na praia, leve seu copo reutilizável, recuse SEMPRE copo plástico, canudo, qualquer plástico de uso único.
Coco na praia: carregue seu canudo de bambu ou metal!
Olhe para o mar e saib a que mesmo que você descarte o plástico numa lixeira, isso é uma ilusão, seus resíduos podem parar ali no mar. Você não quer fazer parte dessa sujeira, quer?
Água: caso alugue uma casa, compre uma bombona de 20L de água e vá preenchendo sua garrafa de água. Com essa mesma garrafa peça por água filtrada onde for, é mais uma questão de costume e de uma ótima falta de vergonha na cara. Água filtrada tem que ser para todos :)
Sacola: carregue sua sacola reutilizável pra usar nas compras, não só no mercado, mas nas lojas também.
Lixo seco: se possível carregue seu lixo reciclável para depois descartar no aeroporto de Natal.

Pra curtir qualquer lugar com consciência, não se esqueça de que a natureza é capaz de suportar seu lixo emocional, a gente sabe, ir pra um lugar mágico como São Miguel é um convite pra se reernergizar, se conectar com a natureza, mas para isso é preciso lembrar que o lixo físico, o criado pelo homem, a natureza não quer em suas terras e águas, e cabe a nós achar meios de reciclar e deconsiderar parte da viagem o assunto lixo, afinal essa responsabilidade é minha, sua e todos nós.

Viajar pra mim é uma forma de abrir a cabeça, de experimentar o novo, derealizar que é preciso mudar para enxergar a vida de maneira diferente. Viajar é um exercício pra dar de cara com nossos excessos e faltas, é encarar nossas resistências e entender que é preciso deixá-las ir para ser capaz de viver leve onde quer que esteja, com qualquer tipo de pessoa. Viajar é uma oportunidade de conhecer cada dia mais um pedaço de si, como um quebra cabeça, pedaços seus espalhados por aí.

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